Onça-parda volta à natureza no Paraná após mais de dois anos em recuperação por atropelamento
O animal, apelidado de Leôncio, foi resgatado em estado crítico, mas graças a um esforço conjunto saiu da tragédia com vida e em liberdade
Por Sofia Schuck, do Um Só Planeta
O que poderia ter sido uma história com final triste, acabou se tornando um case de sucesso para preservação de espécies na natureza. Em julho de 2019, uma onça-parda foi atropelada no Oeste do Paraná e quase entrou para as estatísticas de vítimas fatais. Mas graças a uma parceria entre Itaipu e outras instituições da região, o animal, apelidado de Leôncio, recebeu todos os cuidados e teve uma segunda chance.
Em 2019, Leôncio chegou ao Refúgio Bela Vista da Itaipu (RBV) inconsciente e em estado crítico, e os médicos contam que chegaram a cogitar fazer uma eutanásia. No entanto, o desenrolar foi de esperança: uma forte parceria uniu esforços para salvar a onça. Na última sexta-feira (22), ela retornou à natureza em liberdade, após dois anos e nove meses em cativeiro para processo de reabilitação.
A trajetória foi assim: primeiro, Leôncio passou por cuidados veterinários intensivos e depois ficou durante seis meses em um “Recinto de Aclimatação”, para sua adaptação. Segundo a equipe, o espaço de 850m² foi instalado em ambiente natural, erguido de forma simples e com materiais de baixo custo, para que pudesse ser reproduzido facilmente. “Futuramente, as etapas e o aprendizado com este procedimento de devolução à natureza de um animal deste porte poderão ser replicados por outras instituições”, afirmou o médico veterinário do Refúgio Biológico de Itaipu, Pedro Henrique Teles.
Após chegar em estado grave no Refúgio Bela Vista da Itaipu, o animal passou por cuidados veterinários intensivos — Foto: Sara Cheida/Itaipu
Durante seis meses, Leôncio foi cuidado em um recinto de aclimatação de 850m² — Foto: Rubens Fraulini/Itaipu
Hoje, Leôncio está vivo graças a um pino e 16 parafusos na perna e sobe e desce de árvores perfeitamente, contou Teles. O animal foi solto em uma área com características semelhantes à que ele foi encontrado originalmente, o que deve permitir uma boa adaptação, acreditam as equipes. A partir de agora, ele será monitorado pelo ICMBio e pelo Projeto Onças do Iguaçu, por meio de um colar que permite acompanhar sua readaptação ao habitat natural.
“É muito fácil soltar um animal em uma área totalmente preservada e ele sobreviver. Agora, estamos soltando em um lugar em que ele vai encontrar problemas, e vai ter que aprender a resolver. Mas estaremos acompanhando”, explicou Teles.
Após dois anos em cativeiro, Leôncio foi solto para retornar à natureza — Foto: Rubens Fraulini/Itaipu
A ação conjunta que envolveu tanto o poder público como iniciativas privadas contou com a equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Itaipu Binacional, Instituto Água e Terra (IAT) e com o Instituto Giovanna e Licínio Machado de Biodiversidade (IGLMBio).
Além disso, no hospital, a onça recebeu tratamento e foi atendida por especialistas do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) e do Projeto Onças do Iguaçu. No seu período de aclimatação, também contou com a ajuda de produtores locais.
Fonte Vídeo: https://globoplay.globo.com/v/10524470/